sexta-feira, 21 de julho de 2017

O que os Estudiosos de Grego Pensam da Tradução do Novo Mundo da Bíblia da Sociedade Torre de Vigia?


Por Chad A. Gross

Em seu pequeno livro Os Fatos sobre as Testemunhas de Jeová, os autores John Ankerberg e John Weldon contendem que “estudiosos de Grego, Cristãos e não cristãos universalmente rejeitam...” [1] a Tradução do Novo Mundo (TNM) da Bíblia usada pelas Testemunhas de Jeová.
Um exemplo que eles oferecem é o falecido Dr. Julius Mantey. Como os autores explicam:

Mantey foi um dos principais estudiosos de Grego no mundo. Ele foi o autor de Hellenistic Greek Reader [Leitor de Grego Helenístico] e co-autor, com H. E. Dana, de A Manual Grammar of the Greek New Testament [Um Manual de Gramático do Novo Testamento Grego]. Não apenas ele rejeitava a TNM, ele publicamente demandou que a Sociedade parasse de citar sua Grammar para sustentá-la. [2]

Mantey escreveu:

Eu nunca li o Novo Testamento tão mal traduzido como em The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures [A Tradução Interlinear do Reino das Escrituras Gregas]. De fato, não é nem sua tradução. Na verdade, é uma distorção do Novo Testamento. Os tradutores usaram o que J. B. Rotherham traduziu em 1893, para a linguagem moderna, e mudaram a leitura em porções de passagens para que falassem o que as Testemunhas de Jeová crêem e ensinam. Isso é uma distorção, não uma tradução.[3]

Bruce Metzger, outro estudioso do Novo Testamento bem conhecido, disse, “As Testemunhas de Jeová incorporaram em suas traduções do Novo Testamento diversas renderizações erradas do Grego.” [4]
O Dr. Robert Countess, que escreveu sua dissertação para seu Ph.D em grego na TNM, concluiu que a tradução:

... tem sido acentuadamente sem sucesso em manter considerações doutrinarias da influencia da tradução real... Ela deve ser vista como uma obra radicalmente tendenciosa. Em alguns pontos ela realmente é desonesta. Em outras ela não é nem moderna e nem acadêmica. E entrelaçado em sua fabricação ela é uma aplicação inconsistente de seus próprios princípios enunciados no Prefácio e no Apêndice. [5]

Como se isso não fosse o bastante, o estudioso Britânico H. H. Rowley chamou a TNM de “um insulto à Palavra de Deus.” [6]
Então, de acordo com estudiosos Cristãos e não-Cristãos, a TNM é tendenciosa, desonesta e errada.

Traduzido de:
TRUTHBOMB APOLOGETICS, What do Greek Scholars Think of the Watchtower Society’s New World Translation of the Bible?, 21 de julho de 2017, disponível em http://truthbomb.blogspot.com.br/2017/07/what-do-greek-scholars-think-of.html  acesso em 21 de julho de 2017




[1] John Ankerberg and John Weldon, The Facts on Jehovah's Witnesses, p. 31.
[2] Ibid., 32
[3] Ibid.
[4] Ibid.
[5] Ibid.
[6] Ibid.

terça-feira, 11 de julho de 2017

O Deus que não merecemos - Por: Caio Peclat

O Deus que não merecemos



Um Deus que ainda não existe. O Deus que imaginei castiga qualquer um que colocar os pés nesta Terra. Terra suja de sangue. E de quem é o sangue? “Dos homens que meu Deus torturar e os assistir implorando, com a voz trêmula, por misericórdia com os olhos anunciando o terror presente”. Para castigar, somente um Deus mau. Um Deus que poupa somente os inocentes. Inocentes? Como se esta ideia fosse real. Se houvessem inocentes, Ele até pouparia, mas não há inocentes. Todos merecem uma punição mais grave que a morte.
Este Grande juiz ainda não nasceu, mas bem que merecíamos sermos julgados por Ele. Merecemos um Deus que ama a destruição e o sofrimento do homem. A morte, para nós, seria a punição mais branda. Todos são culpados. Mas e o Deus que existe? Bem, Ele é um Deus de amor. Um Deus de infinita bondade e misericórdia dos homens. Não merecemos Deus, merecemos o Diabo. Não merecemos a salvação prometida por este Deus, mas quem disse que Ele se importa com o merecimento? Ele te dá mesmo assim.
 Olhe a sua volta. Estrelas, montes, animais, talvez vales, ou um mar, até mesmo um deserto. O Deus que existe não fez tudo isto pensando em como é prazeroso criar mundos, foi pensando em você. Não merecíamos a vida, mas a possuímos sem merecer. O Deus que inventei faria você implorar para viver no Inferno, já o [Deus] que existe, promete te levar para o Céu. Já que não merecemos a vida até mesmo viver no Inferno já é um favor, te colocar lá é uma prova da bondade Divina. Não somos nem mesmo dignos de termos nascido, até mesmo uma vida miserável nos é um grande favor.

Caio Peclat da Silva Paula

domingo, 9 de julho de 2017

Cristianismo liberal, interpretação de texto e "é para aquela época"


Um dos perigos do “cristianismo moderno” é o de se cair no conto do cristianismo liberal. Eu defino “cristianismo liberal” como aquela forma de cristianismo que se permite sair dos padrões tradicionais das Escrituras para acomoda-la aos padrões gerais da sociedade moderna. Uma das características dessa forma de “cristianismo” é quando a pessoa vê doutrinas importantes que a afetariam diretamente e diz, “ah, mas isso é questão de interpretação.” Além disso, é normal (nesse meio) a ideia de que tudo que a maior parte do que a Bíblia ensina era apenas para a época em que foi escrito. Esse tipo de teologia se tornou muito comum em meios de “cristãos pró-LGBT”, cristãos de esquerda, etc. pelo simples fato de que essa interpretação das Escrituras os permite abrir espaço para o tipo de “liberdade” que desejam.
Há, porém, um perigo óbvio para quem é adepto disso. E é importante salientar esse perigo antes de ver as falhas lógicas dessa visão religiosa. O perigo é o seguinte: Se você descarta o que não gosta na Bíblia como algo “pra época” sem qualquer estudo da possibilidade desse ser o caso ou não, então você esta se colocando acima da Palavra de Deus. Como disse Santo Agostinho: “Se você acredita no que lhe agrada nos evangelhos e rejeita o que não gosta, não é nos evangelhos que você crê, mas em você.”
Agora, quais são as falhas lógicas desse tipo de perspectiva cristã? O primeiro problema está na afirmação de que doutrinas importantes são uma “questão de interpretação.” Nesse caso, é pressuposto que a Bíblia admita diversas interpretações e que, portanto, não devemos “batalhar” para saber qual interpretação esta correta. Não apenas tal posicionamento contradiz o que a própria Bíblia ensina (Judas 1:3), como também é uma posição auto-refutável, ou autocontraditória. Pense nisso: Para dizer que algo é relativo (como, “a interpretação desse texto é relativa”) você tem que conhecer algum sentido objetivo daquele texto. Em outras palavras, a afirmação de que a Bíblia admite diversas interpretações é em si uma interpretação da Bíblia. 
Para saber qual interpretação da Bíblia está correta, devemos nos utilizar os meios apropriados de interpretação bíblica. Considere, por exemplo, a afirmação de Paulo de que o homem deve ensinar e a mulher não, um ensinamento direto contra o pastorado feminino:

A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição.
Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio.
Porque primeiro foi formado Adão, e depois Eva.
1 Timóteo 2:11-13

Como nós podemos saber que esse ensinamento não é para aquela época? Bom, em primeiro lugar, não há nenhum indicio disso no texto. Não parece que Paulo esteja falando apenas para Timóteo, ou apenas para o grupo em que Timóteo estava envolvido, ou apenas para a situação em que Timóteo estava envolvido. O que nos leva ao segundo ponto: Note que Paulo usa como justificativa Adão e Eva. O que isso implica é que essa seja uma ordem de criação, não de algo para a época.
Acredito que esses pontos tornem extremamente difícil de se interpretar esse texto de outra forma. Porém, se alguém mostrar minhas conclusões como erradas a partir de métodos de interpretação séria do texto, eu posso reconsidera-las.
Como segundo exemplo, considere as leis do Antigo Testamento. Como nós sabemos que elas eram para a sua época, e não pra sempre? Porque elas faziam parte das palavras da Antiga Aliança, as quais a Nova Aliança veio para “substituir”, por assim dizer. Como diz o autor de Hebreus:

Chamando "nova" esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer.
Ora, a primeira aliança tinha regras para a adoração e também um tabernáculo terreno.
Foi levantado um tabernáculo; na parte da frente, chamada Lugar Santo, estavam o candelabro, a mesa e os pães da Presença.
Por trás do segundo véu havia a parte chamada Santo dos Santos,
onde se encontravam o altar de ouro para o incenso e a arca da aliança, totalmente revestida de ouro. Nessa arca estavam o vaso de ouro contendo o maná, a vara de Arão que floresceu e as tábuas da aliança.
Hebreus 8:13-9:1-4

Outros textos, como Colossenses 2:14-17 e Hebreus 8:5 também destacam que leis cerimoniais eram sombras da realidade de Cristo. [Edit: Para evitar confusões, há de ser dito que muitas leis do Antigo Testamento são direcionadas especificamente para Judeus, não pra Cristãos.]
Desse modo, torna-se evidente como devemos tratar, nas Escrituras, questões que são “para a época” ou não.
Ainda mais preocupante do que tratar questões bíblicas como “questões da época” é o tratamento da moralidade como subjetiva para a época. Por exemplo, dizer que Paulo condenou o comportamento homossexual em Romanos 1 porque isso era invalido “para aquela época”, ou dizer que Jesus era contra o divórcio porque era algo errado “para aquela época”, etc. Esses tipos de ensinamentos não só são logicamente inválidos, como também são completamente anticristo. Pense nisso por um segundo: Cristo morreu por nossos pecados. O que são pecados? São atos objetivamente errados. Portanto, se não há uma moral objetiva para todas as épocas, Cristo morreu em vão.
Se a moralidade fosse subjetiva, você não precisaria se reconciliar com Deus. Apenas diria “isso é errado pra você, mas não pra mim. Assim, eu não pequei.” Se não há certo e errado, então não há pecado. Se não há pecado, não tem porque Cristo morrer. 
Agora, apontar para o desenvolvimento moral da sociedade é um tipo de argumentação invalida. Em primeiro lugar, só porque a percepção moral das pessoas mudou com a época, isso não significa que a moral seja subjetiva. Isso seria uma confusão entre epistemologia e ontologia, quer dizer, uma confusão entre “como sabemos” com “o que é.” Em segundo lugar, se a moralidade fosse subjetiva de acordo com a sua época, nós nunca poderíamos dizer que a nossa época tem valores melhores. Isso porque, se não há moral objetiva, então nós não melhoramos de acordo com um padrão, mas, na verdade, apenas mudamos de regras. Desse modo, não temos como dizer que a escravidão era algo errado, ou que torturar pequenos bebês por diversão seja algo errado. São apenas opiniões.
Por fim, se a moral fosse subjetiva de acordo com a sua época, todo e qualquer movimento “revolucionário” de hoje em dia perderia seu fundamento principal. Um movimento como a legalização do aborto pressupõe que haja uma resposta certa ou errada com relação à mulher envolvida e ao bebê que esta para nascer. Do mesmo modo, ninguém poderia proclamar direitos, já que o próprio conceito de “direitos humanos” pressupõe um valor moral.
Também pode ser dito que alguém pode querer responder a esse texto. Porém, tal atitude implicaria que a pessoa crê em uma resposta certa e que eu estou errado. E se eu fosse responder a essa resposta, também seria pressuposto pelo meu adversário que seria errado eu representar sua posição de forma errada, ou utilizar de argumentos ad hominem, ou que eu não minta, ou que eu seja honesto, etc. Desse modo, escapar de uma experiência de moral objetiva torna-se extremamente difícil.

Em suma, não devemos cair no conto de “é apenas a sua interpretação.” Devemos utilizar os métodos apropriados de exegese bíblica para interpretar um texto, assim descobrindo o que é para a época e o que não é. Além disso, é difícil um cristão ser um relativista moral, já que isso acabaria com toda a necessidade da obra de Cristo.